quarta-feira, 16 de maio de 2012

Será que a sorte vai se repetir?

Bom dia, lindos leitores do Safra! =)

Acordei ainda mais inspirada depois de ter assistido ao American Idol ontem, e o lindo do Phill Phillips ter permanecido no programa!
No ano passado, eu torcia fervorosamente pelo Scotty McCreery, que no final ganhou o programa!
Esse ano, o meu preferido (e de todas as mulheres que assistem ao programa) é o queridinho da Geórgia, Phillip Phillips. O moço, além de ser lindo e super cativante, tem uma voz sem igual. Os próprios jurados de peso do programa - Steven Tyler, J-Lo e Randy Jackson - não conseguem compará-lo a nenhum outro artista que já pisou em um palco, pois Phill tem o estilo de Phill e de ninguém mais!
O programa está na reta final, então vamos cruzar os nossos dedinhos e torcer para esse garoto lindo e talentoso, que já nasceu com nome de artista!

Ah, e claro: fiquem com dois vídeos de apresentações do Phillip no programa. O primeiro, é dele cantando U Got It Bad, do Usher; e o segundo, Fat Bottomed Girls, do Queen.
Deleitem-se ;)




quarta-feira, 9 de maio de 2012

Aula de Inglês - Rubem Braga


—  Is this an elephant?

Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.
Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.
Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:
—  No, it's not!
Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:
—  Is it a book?
Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos:
—  No, it's not!
Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.
—  Is it a handkerchief?
Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:
—  No, it's not!
Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.
Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.
—  Is it an ash-tray?
Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray.  Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.
As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:
—  Yes!
O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória! vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta.  Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:
—  Very well!  Very well!
Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.
Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:
--  It's not an ash-tray!
E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.



Maio, 1945

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pensa em mim, que eu tô pensando em você... ♫

O pensamento dela voava. Não tinha pouso certo, só queria saber de passear por entre as nuvens. Era livre.
Para ser sincera, livre livre não era, pois volta e meia pensava nele. Sim, nele, o dono dos olhos de jabuticaba. 
Era incontrolável, isso de pensar nele. Esse era seu primeiro pensamento pela manhã e até em sonhos via o dono dos lábios da cor do morango. 
Em pensamento podia sentir o cheiro dele, o toque, a respiração rápida e o coração acelerado, sempre parecendo que vai infartar. 
Ela podia ser possuída por outros corpos, mas seu pensamento sempre seria fiel a ele, dono dos cabelos de anjo.
Eles se amam, porém enrolam-se - em todos os sentidos. Juntos são uma pintura. Separados, uma tragédia.
Confusos no amor, mas cada um sabe bem o que quer.
Independentes da vida, dependentes do amor.
O que poucos entendem e todos julgam é que eles não conseguem ser fiéis às pessoas.
Somente um ao outro.
Apesar de todos os pesares...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

À procura do seu melhor - Lucas Silveira


Quando a gente não tem uma pequena almofada de veludo para acomodar nela todos os sentimentos que julgamos ser bons, o “melhor de nós”, aquele brinquedinho que é tão brilhante que a gente esconde de quase todo mundo, porque é bonito demais, a gente acaba levando tudo na mão, dentro de um saquinho de pano ou de um recipiente qualquer. O tempo passa e tu enches o saco de ficar segurando aquilo, quase se esquecendo do quão bonito é aquele brinquedinho, e chega até esquecê-lo de vez. Tu esquece porque tu não abres esse saquinho há tanto tempo que acabas por esquecer-se completamente do que há lá dentro. São muitas as distrações...

Tu começas a deixar ele no chão. Em qualquer canto, em qualquer lugar. Tu perdes, até que o encontras, sem querer, no meio das tuas roupas. Aí tu o perdes de novo. Tu esqueces que um dia teve esse brinquedinho, esqueces a serventia dele, Aí sim...

Aí que chega o ALGUÉM. Nada nesse mundo te faria acreditar que existiria alguém assim, tão... tão... bom. Tu vais ao cinema, ver um filme qualquer junto dessa pessoa, um Almodóvar da vida, que seja. Tudo se torna tão especial, fica tão cheio de significados que você se entusiasma. “Eu te daria o mundo, agora, se eu conseguisse”.
“Não precisa me dar o mundo, me dá qualquer coisa brilhante, um brinquedinho”.

Tu tateias os bolsos. Moedas, palhetas, notas fiscais, preservativos e cartões de visita. Tu perdesse o brinquedinho.

Não adianta procurar, também. Esse é o tipo de coisa que, quando a gente encontra, a gente não devolve. Não tem dono, não tem nada escrito. Faz parte do mundo e tem um pouco do melhor que há em cada um de nós. E brilha.